terça-feira, 9 de agosto de 2011

Seda de Papel

Toulouse-Lautrec

Invento um desafio de colocar linhas em
meio fio de papéis. Linhas incongruentes
de palavras que não mentem
com os minutos contados
     em minúcias.
E o leve desabrolhar de seda rasgada
que atravessa essas linhas do corpo branco, liso,
em que as mãos afagam
                    e afogam.

Amacio, amasso as folhas de papel almaço
                                        e não desfaço.
Me aproximo e toco o seu corpo
coberto de linhas salientes.
Enfeito as palavras que passeiam levemente
nas curvas montanhosas da Mantiqueira do seu corpo.
                                       Quer queira, quer não,
                                   ofereço essa composição
tingida de papéis brancos que se misturam ao
corpo quase morto.

E os minutos passam,
deixam
os papéis nos bordéis,
a seda rasgada,
o branco no corpo,
agora já amorfo,
      sem amor. 

Dani R.F.

sábado, 6 de agosto de 2011

Ecos

Minha escrita é qualquer coisa
menos poesia
é a pura conversa fiada
não tem verdades
nem medidas
o típico papo furado
feito para descarte imediato

Sua composição
é pura maravalha
restos de um marceneiro cansado
velho, quase surdo
Que toca a vida
com seu rádio empoeirado
cheio de gambiarras
fios desencapados 
de precária sintonia

É sintomaticamente feia
retirada de corpos doentes
semelhante a
apendicites
hérnias
vesículas
verrugas
e pequenos cânceres benignos

Não embala amantes
não incita a juventude
não provoca o estado
não inspira

Até poderia comercializá-la
como veneno para ratos
ou como soda para desentupir pias

Meus versos
valsam com o mau gosto.

                   
                 Lucas FL.