sexta-feira, 26 de março de 2010

Fragmentos Caseiros


Surto inopinado
antes do alvor.
Gagueira insiste
não há palavras
Ouve-se vozes
de ratos.
O Queijo podre
lança o golpe.

A formiga
na fila eterna
espera o grão
a migalha
a sujeira
e decompõe-se
junto à matéria
orgânica.

No teto
os cupins
devoram
a roupa
a madeira
a carne
os sentidos.
E Proliferam-se.

Também a água
contamina-se
infiltra-se
na parede
no teto
na veia
e faz mofar
o que era belo

Os moveis
no pó.
A roupa
desgastada.
O sapato sujo
e velho
no chão.
O abandono.

A casa
um porão
fede urina
carniça
perde o viço.
Perdem-se
também
os amores.

Dani R.F.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sofreguidão


No alcance de alguma mediação incontrolável
Um ligeiro movimento final
E teu rosto estava triste
Tua viva emoção
O fim da peça
O belo teatro devaneador  
Tuas lágrimas eram suaves
Levantamos como namorados de tempos afastados
A tensão castigava-me, pois
Roubaria-te um beijo reagido
E com pura avidez seguraria teu rosto prensando-o ao meu.

Ela chorou ainda mais
Desmanchando-se em meus braços
A melancolia evasiva
Chorou nos meus sonhos
Já havia me amado 
No fim,
Havia perdido-a. 

Lucas F.L.